quinta-feira, 12 de junho de 2014

Hora do Conto: Grunhido

                Eles batiam na porta insistentemente. Ellen podia ouvir os grunhidos e o barulho penetrava na mente dela; Aquele som trazia apenas uma mensagem: Você vai morrer.
                Desde que ela vira um zumbi de verdade pela primeira vez já fazia dois anos. Ellen lembrava bem de ter se assustado quando viu o filho de doze anos de seu vizinho com aquela quantidade de sangue escorrendo pelo cabelo e descendo pelo rosto até o peito. Ela ficara desesperada e quase gritara por ajuda. Foi quando ouviu o grunhido pela primeira vez. Ela se lembrava do tom agudo de voz de criança que agora assombrava seus pesadelos, mas que no dia causou alívio.
                — Guilherme, que susto que você me deu!
                Ela riu nervosa da brincadeira do garoto e ele respondeu com mais um grunhido, dando outro passo manco na direção dela, os olhos esbranquiçados e vidrados. O sorriso saiu do rosto dela enquanto a duvida sobre se aquilo era uma maquiagem muito bem feita ou se era real pairavam sobre a mente dela. A negação a atingiu primeiro. Era óbvio que a maquiagem havia sido muito bem feita... Certo?
                Mais um grunhido, um pouco mais forte. A partir desse ponto o medo voltou a tocar seu coração e a adrenalina subiu uma vez mais, pegando carona em seu sangue e fazendo-a reparar em mais coisas do que ela costumava reparar.